Fiar, tecer e bordar a textura

dos ventos do mar de las pampas

Por Tiago Braga (@oiamodesign)
Artesãos: Marina Ferreira 
e João dos Santos - Gravataí/RS  

Foto: Divulgação Oiamo

 

Em um dia cinza e nublado soprava do mar o vento minuano, tiramos a areia do pelo do cavalo, o mar aberto separava a terra e o céu num horizonte em linha reta sem fim. Por gostar da campanha dobramos a aba do chapéu mas colocamos o pé na areia gelada. Proseando à toa, descansando de tarde, buscando o bem-estar que o encontro entre o campo e o mar nos traz.

 

Foto: Divulgação Oiamo

 

 

Valendo-se do cenário costeiro do Rio Grande do Sul apresentamos a textura criada com algodão, vindo de resíduo da indústria têxtil, trabalhado no tear manual. Inspirados pela técnica milenar utilizada na produção de baixeiros, manta que se coloca sob os arreios das cavalgaduras para proteger o lombo do animal. Mas, afinal, qual a importância da natureza na nossa rotina e como estar próximo dela pode nos ajudar a ser mais completamente (e essencialmente) humanos?

O ancestral fazer têxtil gaúcho, com suas delicadas técnicas que permite transformar fios em obras de arte, é uma tradição no extremo sul do Brasil que veio sendo transmitida de geração em geração e hoje está desaparecendo. São os palas, ponchos, baixeiros e acessórios que carregam a memória e a cultura do povo habitante dessa importante zona de fronteira, com características únicas. Resultado de 3 séculos de miscigenação de ibéricos, índígenas, pretos, imigrantes europeus, e com forte influência dos uruguaios e argentinos.

 

 

Marina Ferreira no tear - RS - Fotos: Lufe Torres (@lufetorres)

 

Textura única, feita à mão, para cultivar o aconchego do tempo, experiência de uma rotina mais simples e contemplativa.