A bandeja Farrapos é uma obra artesanal que honra a conexão profunda entre o tempo, a tradição e o território. Feito à mão, com o uso de resíduos têxteis e cordas, ele carrega em sua estrutura a busca por um equilíbrio entre o passado e o presente. Este artefato cultural é um reflexo da rica história de sincretismo presente no Rio Grande do Sul, onde as práticas e crenças de povos indígenas, negros, ibéricos, argentinos, uruguaios e imigrantes se entrelaçam ao longo dos séculos. O Pote Farrapos se torna, assim, um símbolo dessa terra de fronteiras, de cruzamento de culturas e de troca constante. A sua forma e os materiais utilizados fazem referência às raízes e às tradições de um povo que preserva suas histórias e conhecimentos, ao mesmo tempo em que se reconecta com o espaço e com os elementos naturais que o cercam.

Na cosmologia dos povos Guarani, presentes na zona oeste e centro-oeste do estado, o conceito de Tava, ou “casa de pedra”, reflete a ideia de um lugar sagrado e invisível, que pode ser percebido apenas pelas lideranças espirituais, os karaí. Essa ideia ressurge no Pote Farrapos, que, por sua vez, materializa a força espiritual e a ancestralidade da região. Mulheres gaúchas de origem afro-indígena, que habitam os “pueblitos” do interior, cultivam saberes ancestrais ligados à cura, ao encantamento e à medicina tradicional. Curandeiras, parteiras, benzedeiras e tecelãs, elas desempenham papéis fundamentais na manutenção das práticas de cura e nas trocas culturais que formam a base do modo de vida sulino. O Pote Farrapos, nesse sentido, também carrega a simbologia dessas mulheres e seus saberes, conectando o presente com o legado sagrado e prático de gerações passadas.

Dimensões: ø20cm h20cm
Material: Algodão reciclado, lã natural, juta, sisal.